sábado, 10 de setembro de 2011

 - Capitulo sete -
O balaço errante

Desde o desastroso episódio com os diabretes, o Prof. Lockhart não trouxera mais seres vivos para a aula. Em vez disso, lia trechos dos seus livros para os alunos, e, por vezes, dramatizava algumas passagens mais pitorescas. Em geral ele escolhia Harry para ajudá-lo nessas dramatizações; até aquele momento o garoto fora obrigado a representar um camponês simplório da Transilvânia, de quem Lockhart curara um feitiço de gagueira, iéti com um resfriado na cabeça e um vampiro que se tornara incapaz de comer outra coisa a não ser alface, depois que Lockhart dera um jeito nele.
Harry foi chamado à frente da classe na aula seguinte de Defesa contra as Artes das Trevas, desta vez para representar um lobisomem.
- Um belo uivo, Harry, exato, e então, queiram acreditar, eu saltei sobre ele, assim, joguei-o contra a porta, assim, consegui contê-lo com uma das mãos, com a outra apontei a varinha para o pescoço dele, e então reuni toda a força que me restava e lancei o Feitiço Homorfo, muitíssimo complicado, e ele soltou um gemido de dar pena... vamos, Harry, mais alto, bom, o pêlo dele desapareceu, as presas encurtaram, e ele voltou a virar homem. Simples, mas eficiente, e mais uma aldeia que se lembrará de mim para sempre como o herói que os salvou do terror mensal dos ataques de lobisomem.
A sineta tocou e Lockhart ficou em pé.
- Dever de casa... compor um poema sobre a minha vitória sobre o lobisomem de Wagga Wagga! Exemplares autografados de O meu eu mágico para o autor do melhor trabalho!
Os alunos começaram a sair. Yasmin viu Harry, Rony e Hermione no fundo da sala. Passou por eles e ouviu Hermione dizer:
- Espere até todos saírem - pediu Hermione nervosa. - Certo...
Yasmin fingiu que saiu da sala e ficou invisível. Seguiu os três até a mesa de Lockhart.
- Ah... Prof. Lockhart? - gaguejou Hermione. - Eu queria... retirar este livro da biblioteca. Só para ter uma idéia geral do assunto. - Ela estendeu o papelzinho, a mão ligeiramente trêmula. - Mas o problema é que ele é guardado na Seção Reservada da biblioteca, então preciso que um professor autorize, tenho certeza de que o livro me ajudaria a entender o que o senhor diz em Como se divertir com vampiros sobre os venenos de ação retardada...
- Ah, Como se divertir com vampiros! - exclamou Lockhart apanhando o papelzinho de Hermione e lhe dando um grande sorriso. - Possivelmente é o livro de que mais gosto. Você gostou?
- Gostei - disse Hermione depressa. - Muito esperto o modo com que o senhor apanhou aquele último, com o coador de chá...
- Bem tenho certeza de que ninguém vai se importar que eu dê a melhor aluna do ano uma ajudinha extra - disse Lockhart calorosamente, e puxou uma enorme pena de pavão. - Bonita, não é? - disse ele, interpretando mal a expressão de indignação no rosto de Rony. - Em geral eu a uso para autografar livros.
Ele rabiscou uma enorme assinatura cheia de floreios no papel e devolveu-o a Hermione.
- Então Harry - disse Lockhart, enquanto Hermione dobrava o papel com os dedos nervosos e o guardava na mochila. - Creio que amanhã é a primeira partida de quadribol da temporada. Grifinória contra Sonserina, não é? Ouvi dizer que você é um jogador muito útil. Eu também fui apanhador. Convidaram-me para tentar a seleção nacional, mas preferi dedicar minha vida à erradição das Forças das Trevas. Ainda assim, se algum dia você achar que precisa de um treino pessoal, não hesite em me pedir. Fico sempre feliz de passar minha experiência a jogadores menos capazes...
Harry fez um barulhinho discreto na garganta saiu correndo atrás de Rony e Hermione.
Yasmin saiu correndo atrás dele, mas só conseguiu encontrá-lo na biblioteca, já falando com Madame Pince. Madame Pince desapareceu silenciosamente entre as estantes altas e voltou vários minutos depois trazendo um livro grande de aparência mofada. Hermione guardou-o cuidadosamente na mochila e os três foram embora, procurando não andar demasiado rápido nem parecer muito culpados.
Foram até o segundo andar, e entraram no banheiro de Murta. Murta chorava alto no seu box, mas eles não lhe prestavam atenção nem a fantasma aos garotos.
Hermione abriu um livro chamado Poções muy potentes, e os três debruçaram sobre as páginas manchadas de umidade. Era claro, ao primeiro olhar, a razão por que o livro pertencia à Seção Reservada. Algumas das poções produzia, efeitos medonhos demais só de se imaginar, e havia algumas ilustrações muito impressionantes, que incluíam um homem que parecia ter virado do avesso e uma bruxa com vários pares de braço que saíam da cabeça.
- Aqui - exclamou, excitada, ao encontrar a página intitulada A poção Polissuco. Estava decorada com desenhos de pessoas a meio caminho de se transformarem em outras.
- Esta é a poção mais complicada que já vi - disse Hermione quando examinavam a receita. - Hemeróbios, sanguessugas, descurainia e sanguinária - murmurou ela, correndo o dedo pela lista de ingredientes. - Bem, esses são bem fáceis, estão no armário dos alunos, podemos tirar o que precisarmos... Ih, olhem só isso, pó de chifre de bicórnio, não sei onde vamos arranjar isso... pele de ararambóia picada, essa vai ser uma fria também... e, é claro, um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar.
- Dá para repetir isso? - pediu Rony ríspido. - Que é que você quer dizer com um pedacinho da pessoa em quem quisermos nos transformar? Não vou tomar nada que tenha unhas do pé de Crabbe dentro...
Hermione continuou como se não tivesse ouvido o amigo.
- Ainda não temos que nos preocupar com isso, porque os pedacinhos só entram no fim...
Rony virou-se, sem falar, para Harry, que tinha outra preocupação.
- Você percebe quanta coisa vamos ter que roubar, Hermione? Pele de ararambóia picada, decididamente não está no armário dos alunos. Que vamos fazer, assaltar o estoque particular de Snape? Não sei se é uma boa idéia...
Hermione fechou o livro com força.
- Bem, se vocês dois vão amarelar, ótimo - Seu rosto se malhara de vermelho vivo e os olhos cintilavam mais do que o normal. - Eu não quero desrespeitar o regulamento, vocês sabem muito bem. Acho ameaçar gente que nasceu trouxa é muito mais sério do que preparar uma poção difícil. Mas se vocês não querem descobrir se é o Draco, eu vou direto à Madame Pince agora mesmo e devolvo o livro, e...
- Eu nunca pensei que veria o dia em que você nos convenceria a desrespeitar o regulamento - disse Rony. - Muito bem, nós topamos. Mas unhas dos pés não, está bem?
- E quanto tempo vai levar para preparar a poção? - perguntou Harry, de cara feliz, quando Hermione reabriu o livro.
- Bom, uma vez que a descurainia tem que ser colhida na lua cheia e os hemeróbios precisam cozinhar durante vinte e um dias... eu diria que vai levar mais ou menos um mês para ficar pronta, se conseguirmos todos os ingredientes.
- Um mês? - exclamou Rony. - Até lá, Draco poderia atacar metade dos nascidos trouxas na escola! - Mas os olhos de Hermione tornaram a se estreitar perigosamente e ela acrescentou depressa:
- Mas é o melhor plano que temos, portanto, vamos tocar para frente a todo vapor!
No entanto, quando Hermione foi verificar se a barra estava limpa para eles saírem do banheiro, Rony cochichou para Harry:
- Daria muito menos trabalho se você simplesmente derrubasse Draco da vassoura amanhã.

O jogo entre Sonserina e Grifinória estava noventa a trinta para a Sonserina. Tudo estava normal, até que de repente um balaço começou a seguir Harry. Harry tentou fugir, mas foi impedido por Draco, que não percebeu que o pomo de ouro estava a seu lado. Os dois correram atrás do pomo e sumiram de baixo das arquibancadas. Demorou um pouco para um dos dois aparecer, mas Draco, não se sabe como, foi jogado da vassoura. Depois Harry saiu de baixo das arquibancadas seguindo o pomo, foi quando quase conseguiu pega-lo que o balaço atingiu seu cotovelo. Ele caiu. Ele conseguira apanhar o pomo, mas acabou desmaiando. Instante depois voltou a si. Viu que Lockhart estava parado a seu lado e disse:
- Ah, o senhor, não - gemeu.
- Ele não sabe o que está dizendo - falou Lockhart em voz alta para o  ajuntamento de alunos da Grifinória que cercavam ansiosos os dois. - Não se preocupe, Harry. Já vou endireitar o seu braço.
- Não! - exclamou Harry. - Vou ficar com ele assim, obrigado...
O garoto tentou se sentar, mas não conseguiu. Foi ouvido o som de um clique ali por perto.
- Não quero uma foto deste momento, Colin - disse Harry em voz alta.
- Deite-se, Harry - mandou Lockhart acalmando-o. - É um feitiço muito simples que já usei muitíssimas vezes...
- Por que não posso simplesmente ir para a ala hospitalar? - disse Harry com os dentes cerrados.
- Ele devia mesmo, professor - disse um enlameado Wood, que não pôde deixar de sorrir mesmo com seu apanhador machucado. - Grande captura, Harry, realmente espetacular, a melhor que já fez, eu diria...
Fred e Jorge lutavam para enfiar o balaço errante numa caixa. A bola continuava a resistir ferozmente.
Lockhart tentou consertar o braço de Harry com um feitiço. Mas, não tinha conseguido consertar o braço de Harry, e sim tirar os ossos de seu braço.

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