- Capitulo seis -
A lenda da Câmara Secreta
A aula de História da Magia estava como sempre. Nada de emocionante
acontecia. O Prof. Binns abriu seus apontamentos e começou a ler num tom
monótono como um aspirador de pó velho, até que quase todos os alunos na sala
caíram num estupor profundo, de que emergiam ocasionalmente o tempo suficiente
de copiar um nome ou uma data e, em seguida, tornar a adormecer. Estava falando
havia meia hora quando aconteceu uma coisa que nunca acontecera antes. Hermione
levantou a mão.
O Prof. Binns ergueu os olhos no meio de um discurso mortalmente maçante
sobre a Convenção Internacional de Bruxos de 1289 e fez uma cara de surpresa.
- Senhorita... ah...?
- Granger, professor. Eu gostaria de saber se o senhor poderia nos contar
alguma coisa sobre a Câmara Secreta - pediu Hermione com voz clara.
Dino Thomas, que estivera sentado com a boca aberta, espiando para fora da
janela, acordou de repente do seu transe; a cabeça de Lilá Brown deitada sobre
os braços se ergueu e o cotovelo de Neville escorregou da carteira.
O Prof. Binns pestanejou.
- Minha matéria é História da Magia - disse ele naquela voz seca e asmática.
- Lido com fatos, Srta. Granger, não com mitos nem lendas. - Ele
pigarreou fazendo um barulhinho como o de um giz que se parte e continuou. - Em
setembro daquele ano, um subcomitê de bruxos sardos...
O professor gaguejou antes de parar. A mão de Hermione estava outra vez no
ar.
- Srta. Grant?
- Por favor, professor, as lendas não se baseiam sempre em fatos?
O Prof. Binns olhou-a com tal espanto, que parecia que nenhum aluno, vivo ou
morto, jamais o interrompera antes.
- Bem - disse o Prof. Binns lentamente -, é um argumento válido, suponho. -
Ele estudou Hermione como se nunca antes tivesse olhado direito para um aluno.
- Contudo, a lenda de que a senhorita fala é tão sensacionalista e até
tão absurda que...
A classe inteira ficou pendurada em cada palavra que o professor dizia. Ele
correu um olhar míope por todos, rosto por rosto virado em sua direção. Ele
estava completamente desconcertado por aquela manifestação incomum de
interesse.
- Ah, muito bem - disse vagarosamente. - Vejamos... a Câmara Secreta...
"Os senhores todos sabem, é claro, que Hogwarts foi fundada há mais de
mil anos... a data exata é incerta... pelos quatro maiores bruxos e bruxas da
época. As quatro casas da escola foram batizadas em homenagem a eles: Godrico
Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin. Eles contraíram
este castelo juntos, longe dos olhares curiosos dos trouxas, porque era uma
época em que a magia era temida pelas pessoas comuns, e os bruxos e bruxas
sofriam muitas perseguições."
Ele fez uma pausa, percorreu a sala com os olhos lacrimejantes e continuou:
- Durante alguns anos, os fundadores trabalharam juntos, em harmonia,
procurando jovens que revelassem sinais de talento em magia e trazendo-os para
sempre educados no castelo. Mas então surgiram os desentendimentos. Ocorreu uma
cisão entre Slytherin e os outros. Slytherin queria ser mais seletivo com
relação aos estudantes admitidos. Ele acreditava que o aprendizado de magia
devia ser mantido o âmbito das famílias inteiramente mágicas. Desagradava-lhe
admitir alunos de pais trouxas, pois os achava pouco dignos de confiança.
Passado algum tempo houve uma séria discussão sobre o assunto entre Slytherin e
Gryffindor, e Slytherin abandonou a escola.
O Prof. Binns parou de novo, contraindo os lábios, parecendo uma velha
tartaruga enrugada.
- É o que nos contam as fontes históricas confiáveis. Mas estes fatos
honestos foram obscurecidos pela lenda fantasiosa da Câmara Secreta. Segundo
ela, Slytherin construiu uma câmara secreta no castelo, da qual os outros nada
sabiam.
"Slytherin teria selado a Câmara Secreta de modo que ninguém pudesse
abri-la até que seu legítimo herdeiro chegasse à escola. Somente o herdeiro
seria capaz de abrir a Câmara Secreta, libertar o horror que ela encerrava e
usá-lo para expurgar a escola de todos que não fossem dignos de estudar
magia."
Fez-se silêncio quando ele acabou de contar a história, mas não foi o de
sempre, o silêncio modorrento que dominava as aulas do Prof. Binns. Havia no ar
um certo constrangimento enquanto todos continuavam a olhá-lo, esperando mais.
O Prof. Binns fez um ar ligeiramente aborrecido.
- A história inteira é um perfeito absurdo, é claro. Naturalmente, a escola
foi revistada à procura de provas de existência dessa câmara, muitas vezes,
pelos bruxos e bruxas mais cultos. Ela não existe. Uma história contada para
assustar os crédulos.
A mão de Hermione voltou a se erguer.
- Professor... o que foi exatamente que o senhor quis dizer com "o
horror que a câmara encerra"?
- Acredita-se que haja algum tipo de monstro, que somente o herdeiro de
Slytherin pode controlar - respondeu o Prof. Binns com sua voz seca e
esganiçada.
Os alunos trocaram olhares nervosos.
- Afirmo que a coisa não existe - disse ele folheando suas anotações. - Não
há Câmara alguma e monstro algum.
- Mas, professor - perguntou Simas Finnigan -, se a Câmara só pode ser
aberta pelo verdadeiro herdeiro de Slytherin, ninguém mais seria capaz de
encontrá-la, não é?
- Bobagem, O'Flaherty - disse o Prof. Binns, num tom irritado. - Se uma
longa sucessão de diretores e diretoras de Hogwarts não encontraram a coisa...
- Mas, professor - ouviu-se a voz fina de Parvati Patil -, a pessoa
provavelmente terá de usar Magia Negra para abri-la...
- Só porque um bruxo não usa Magia Negra não significa que não possa,
senhorita Pennyfeather - retrucou o Prof. Binns. - Eu repito, se uma pessoa
como Dumbledore...
- Mas talvez a pessoa tenha de ser parente de Slytherin, por isso Dumbledore
não poderia... - começou Dino Thomas, mas para o professor aquilo já era
demais.
- Basta - disse com rispidez. - É um mito! Não existe! Não há a mínima prova
de que Slytherin tenha algum dia construído sequer um armário secreto de
vassouras! Arrependo-me de ter contado aos senhores uma história tão tola.
Vamos voltar, façam-me o favor, à história, aos fatos sólidos,
críveis e verificáveis!
E em cinco minutos a classe voltara a mergulhar em seu
torpor habitual.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagens populares
-
- Capítulo um - A primeira missão de Yasmin Em u...
-
- Capitulo um - No Beco Diagonal Mais um verão terminara. E Yasmin esta...
-
- Capitulo onze - Visões inesplicaveis As coisas começaram a ficar bem inter...
-
- Capitulo oito - O Espelho de Ojesed O Natal se...
-
- Capitulo sete - O balaço errante Desde o desastroso episódio com os diabretes, o Prof. Lockhart não trouxera mais seres vivos para ...
-
- Capitulo seis - O dia das Bruxa...
-
- Capitulo nove - Mais p...
-
- Capitulo dois - Seguindo Harry e Neville -Harry Potter o garoto ...
-
- Capitulo dois - Muitas novidades Algumas semanas depois, Yasmin já estava co...
Nenhum comentário:
Postar um comentário